Por Thiago Ketu
"O candomblé me salvou!
No meu momento mais crítico, ao buscar Deus em minha religião de berço encontrei a danação, filho do pecado eu era chamado.
Viado, preto, marginalizado, não tinha lugar meu na religião do opressor, somente aquele a mim designado.
Me afastei daquela doutrina que dizia que Deus me culpava por ter me feito assim, como podia? Ser culpado de ser como Ele me criou?
Busquei Deus em muitos lugares e quando já desistia, Ele veio a mim.
Me mostrou sua face, se mostrou preto e no meu corpo floreceu Seu jardim.
Hoje eu O chamo de Olorum e a cada momento Ele é tudo e um...
É o vento na pele Oyà, é a doçura da água Oxum. É céu claro e nuvem Oxalá, é a Terra e o espaço Aye, Orun. É a boca da noite, prazer e mistério Yewà, é o romper da aurora respirar do corpo Exú.
Descobri Deus, negro igual a mim.
No candomblé eu O reencontrei, no Candomblé me descobri.
No candomblé eu O reencontrei, no Candomblé me descobri.
Não mais tive vergonha de minha cor, não mais busquei ser quem eu não sou, percebi que minha natureza é embutida em mim e faço parte de tudo que Ele é.
O Candomblé me livrou da culpa de ser quem sou, me deu deveres me construiu valor".
Depoimento extraído do perfil pessoa de Thiago Ketu, filho de Osun, membro do Coletivo OKÀN DÌMÓ, e gestor da página Òrìsà Léwà
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