3 de julho de 2015

Candomblé nasceu para dar Colo


Quando negros e negras foram trazidos de África para serem escravizados, no Brasil, uma das primeiras e mais cruéis forma de enfraquecimento da força negra, que o Branco Escravizador encontrou foi destruir a estrutura familiar. 
Pais foram separados de seus filhos - que foram separados de suas mães - que foram separadas de suas irmãs - que foram isoladas de suas primas, tias, avos e outros entes queridos. 
A tática macabra era mesmo para tirar a força das realezas africanas e seus descendentes, provocando amarga tristeza que culminaria no mais profundo e mortal banzo. 

Mas a Resistência foi dada aos Negros e Negras por suas divindades fiéis. Forças das natureza que não desamparam os seus na travessia e nem na vida dura na terra Brasil. Resistiram, se juntaram e da pluralidade harmoniosa que só existe em quem tem raíz em Africa, nasceu o Candomblé. 

Sim, nasceu uma Oportunidade de encontrar nova família, e de retorno ao seio ancestral. Nasceu a possibilidade de reconexão sagrada, de acolhimento e de restauração do Amor... Principalmente o Amor próprio. E assim é, até os dias de hoje. Candomblé é a religião do acolhimento, do retorno à família, da vida em família. Uma família que define grupo de gente do bem que se ama, se respeita e se cuida. Família gestada e amparada pelas forças ancestrais africanas, criada pelos descendentes desse amor e que, humanamente, abraça a todos e a todas. Abraça as diferenças. Aceita o diferente e o reverência como importante parte da pluralidade única. Sim, o Candomblé ensina e deve sempre ensinar a amar e cuidar do outro. Mesmo que o outro não igual a você. Até porque, não deve ser. Porque o outro é um outro mundo. Uma outra força, um outro caminho... Caminho outro e diferente que deve caminhar ao seu lado, porque o Amor maior nos torna semelhantes, mesmo com as mais lindas diferenças.


Essas coisas lindas da família de Axé, é o que torna único e faz ser importante compartilhar os ensinamentos dessa fé, com o mundo. Esse mundo nosso que se pauta na segregação, no extermínio da natureza e do diferente. Esse mundo que nasce para Intolerar - ou tolerar para o politicamente correto, mas nunca para o respeito. 

A diferença do mundo do deuses africanos, para o mundo de hoje, é que nossa cultura vem de tempos onde a sociedade resolvia seus problemas porque compartilhava dos erros e acertos de cada indivíduo. Um Amor distante desse mundo aqui, onde o acerto do outro não me vale porque não é meu, e o seu erro, eu cobro porque afeta o meu êxito. Está na hora de retornamos à essência de quem somos.

Está na hora de buscar o que a história nos negou, e reconectar nossas forças ao que ensina a base de nossas famílias ancestrais.
Que possamos voltar para o Amor e Cuidado, e especialmente, preservar o colo que aos nossos foi reservado para o conforto em constantes tempos de luta.

[Foto e Texto: Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved]

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