4 de julho de 2015

Quem se curva, se curva por quê?


Nenhum nome, 
Nenhuma raiz, 
Nenhuma casa tradicional,
Nenhum filho do Asé y ou x,
Nenhum rechillieu,
Nenhum brocado africano,
Nenhum torço,
Nenhum um fio de estrondosas pedrarias,
Nenhum sentimento de superioridade...

Nada está acima da força responsável por nossa existência.
Por entender o quão pequenos somos diante de tal energia, é que entendemos também a necessidade de se curvar perante as divindades.

Feliz daquele que tem essa consciência e dignidade em seu sacerdócio para se dobrar na presença do Orixá.

Curvar-se, antes de tudo, é poder agradecer pela oportunidade de vida, pela saúde, pelo ar respirado, pela terra pisada, pelo amor e amparo das forças sagradas.





Oras, mas se Orixá é tão grande assim, porque se curva também?

Orixá se curva por respeito a quem o cultua. Orixá se curva também em gratidão pela oportunidade de ser evocado e pela oportunidade visitar seus descendentes para dançar, celebrar, cuidar, e dar carinho. Dar aFÉto.

Sei que Orixá é uma força sagrada que vive no vento e por isso pode estar onde quiser, quando quiser, mas o fato de poder habitar a carne, cabeça e coração de um de seus filhos é algo mágico e que depende de uma linda cooperação entre as divindades e nós (perigosos seres humanos errantes). Sim, Orixá precisa do nosso tocar de atabaques, do nosso cantar sagrado, do nosso rezar com fé e das palavras que os Deuses ancestrais ensinaram para os mais velhos e que se perpetuaram até os dias de hoje. Tudo é integração, tudo é cooperação. E em sua onisciência, quando Orixá se dobra para alguém, agradece pela preocupação, cuidado e pelo chamado para o nosso tempo.

Tudo isso, porque a gratidão é também um Axé, e como bons pais e boas mães, os Orixás nos ensinam com exemplos. Ensinam sim que devemos nos dobrar por tudo aquilo que acreditamos e por agradecimento à todas as experiências que nos são ofertadas para viver.

E se Orixá fielmente se curva, quem somos para mantermos os narizes em pé e não nos dobrar em Amor, Respeito e Gratidão?

Texto e Foto: Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved

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