31 de julho de 2015

Roupas Brancas: Para além do Preceito e da Paz de Oxalá


Eu já disse que se as condições financeiras me permitissem, usaria branco todos os dias da semana. Trocaria o guarda roupas para que a maioria das peças fossem alvas e, no máximo, com variações em tons claros - os mais próximos do branco possível.
Faria com orgulho e com a certeza de um passo a mais na aproximação com Oxalufan, eus que rege a minha existência no mundo e que vive por todos os elementos por onde a cor branca e suas sutis variáveis perpassam.

Vestir-se de branco vai muito além de cumprir um preceito para não “quiziliar” o Senhor que nos permite Ar para respirar; 
vestir-se de Branco vai muito além de se resguardar no período em que Oxalá passa na Terra para visitar os seus filhos... 
Vai muito além de pedir Paz. Até porque Oxalá não é só paz como pensamos. E ele se veste para Guerra. 



Oxalá é a divindade africana da criação de Homens e Mulheres. A força que sopra vida nos seres. 
É quem permite o último suspiro na vida terrena.
Oxalá é Vida e Morte; É Paz e Guerra! 
E eu sou seu filho, sou Paz e Guerra: Paz em Querer Paz, e Guerra para se manter vivo. Por isso, meu desejo é vestir-se de branco todos os dias.
Vestir-se de Branco é por fé, e sobretudo, um Importante Ato Político. Toda vez que ocupamos lugares com nossas vestes brancas, estamos também ocupando um lugar em ação política para afirmamos que: "Sim! Temos e fazemos uso do direito de estar onde quisermos, e representar quem representamos, a força de Oxalá e dos Deuses Africanos. 
Quem estranha meu Branco, Estranha a Paz que vivo. Estranha por Intolerância. 

Vestir-se de Branco é manter viva a Luta.
 É criar o costume, até que parem de estranhar-nos quando caminhamos limpos pelas ruas sujas de racismo.

É preciso tornar normal a prática de respeito à gente que carrega em seus vestes e adereços, toda a força de uma ancestralidade que é vivida, todos os dias da vida de quem tem Orixá.



Meu Branco é Luto!
Eu nasci no Branco!
Meu Orixá veste Branco
Come no Branco
e domina todas as Forças do Branco
Eu Vesti Branco quando Mãe Dede foi Assassinada
Não vesti um Branco de Paz, não
O Branco de meu Pai também é Luto!
Quando Kayllane foi apedrejada, eu já estava de Branco
No Branco do Luto.
Um Luto pela Liberdade de Crença que é violentada todos os dias
Meu Branco é de Luto pelo Direito de Expressão da Fé assassinado
O meu Branco, eu vesti quando nasci para Buscar a Paz, na Guerra, no Embate, na Luta porque eu visto Luto sim! E me visto do Verbo Lutar que é Branco em Essência.
Visto Branco, sem Flores
Visto Branco, com Pedras na Mão, de Luto!
 

Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved













Um comentário:

  1. Bela reflexão. Não devemos nos esquecer que nosso amado Senhor da Brancura, Oxalá, é o princípio, o fim, e o recomeço. Axé, Babá.

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