18 de setembro de 2018

Livro "Segredos do Poder" de Patrício Carneiro, com fotos inéditas de Roger Cipó, será lançado em São Paulo



No próximo sábado, 22 de setembro a partir das 15H, a tradicional livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista, receberá o lançamento de "Segredos do Poder: Hierarquia e autoridade no Candomblé", do sacerdote de candomblé e antropólogo Dr. Patrício Carneiro. Editado pela Arché Editora, a obra é ilustrada com imagens inéditas de Roger Cipó e traz 256 páginas com pesquisa de excelência realizada em terreiros a respeito do segredo e suas relações com poder e hierarquia no candomblé de acordo, nas palavras do autor, com as esferas de poder: abiãs, iaôs e ebomes. 

Resenha: 

Em nossa era da informação partilha-se todo o tempo fotos diárias, tristezas, viagens, opiniões políticas, desilusões amorosas e congêneres, em que se confundem cada vez mais os espaços públicos e privados e a intimidade torna-se alvo de interesse. Assim, quantos veículos midiáticos, quantos profissionais não se dedicam a especular e vasculhar a intimidade alheia? Desse modo, ganha relevo justamente aquilo que não se mostra ou aquilo que não se quis mostrar, haja vista a internet ter corroborado para a exposição máxima e derrubada de limites sociais e individuais.
Nesse cenário, como se posicionam os espaços sagrados das religiões afro-brasileiras e, sobretudo, aqueles detentores do poder sobre o desconhecido, sobre o segredo que só se revela por um método próprio de transmissão do conhecimento? Dr. Patrício Carneiro Araújo, como pesquisador e sacerdote, portanto observador privilegiado no liame entre espaços sagrado e profano, fez pesquisa de mestrado nos terreiros, com pais, mães e filhos de santo, sobre o tema que ensejou esta obra. Aqui ele investiga em que medida essa transformação epistemológica do segredo, por assim dizer, põe em xeque a autoridade e instaura crises de poder na hierarquia do candomblé, que, aparentemente num processo quase paradoxal, é ao mesmo tempo guardião e transgressor de seus próprios segredos.



                                    Mais informações, link do evento de lançamento

O pesquisador Pedro Neto Inãtobi comentou o trabalho: 



"É o segredo que está em crise?
O racismo, a partir da desumanização de negras e negros e seus descendentes, e de tudo que deles advém, (principalmente a cultura das tradições de matriz africana) nos impõe cada vez mais, a necessidade de debatermos nossos trajetos – sejam eles epistemológicos e/ou práticos – da maneira mais aprofundada possível.
Historicamente – a academia e o estado – nos relegam somente o lugar da “magia”. Para isso insistem em delimitar nosso “poder” ao universo do imaterial e intangível. 

No capitalismo o “poder do dinheiro” sobrepõe-se aos princípios civilizatórios de matriz africana? E na República Federativa o “poder da lei” é superior as práticas tradicionais de matriz africana? É o segredo que está em crise?
Já não é segredo que àse [Axé] é o nosso poder, antes de ser ritmo musical brasileiro, ou mesmo proferido em qualquer momento ou situação. Não é secreto que este mesmo àse [Axé] também embranquece e os ancestrais negros hoje vestem-se com a gorgeira da Europa Ocidental do século XVI.

Muitos dos tirantes deste arco são debatidos pelas astutas e certeiras flechas do sacerdote e antropólogo Patrício Carneiro Araújo no livro “Segredos do Poder: Hierarquia e autoridade no Candomblé” que será lançado no próximo dia 22/09/2018 das 15 às 18 h na Livraria Martins Fontes – Av. Paulista, 509 – São Paulo – SP. A publicação conta ainda com os regalos visuais de Roger Cipó.
Patrício Odenisoji elabora em 5 capítulos um potente arco com definições, segredos e poderes necessários para ampliarmos este debate. Ele não solta a flecha, mas nos mostra alvos imprescindíveis para abatermos uma “caça gorda”. Afinal qual é a função primordial de um caçador, senão alimentar seu povo!"


Detalhes da obra: 14 x 21 cm | 256 páginas | CLIQUE PARA COMPRAR NO SITE





O AUTOR
Professor de Antropologia na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). Autor de "Entre ataques e atabaques: intolerância religiosa e racismo nas escolas" (2017). Doutor em Ciências Sociais (Antropologia) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Título obtido em 2015 com a tese intitulada: "Entre o terreiro e a escola: Lei 10.639/2003 e intolerância religiosa sob o olhar antropológico", cuja pesquisa foi realizada com financiamento da FAPESP. Mestre em Ciências Sociais (Antropologia) pela PUC-SP, com a seguinte dissertação: "O segredo no candomblé: relações de poder e crise de autoridade". Ex-Bolsista da Fundação Ford. Possui graduação em História pela Universidade Bandeirante de São Paulo (2007). Tem experiência na área de Antropologia, Sociologia, História e Educação. Atuando principalmente nos seguintes temas: Antropologia das Sociedades Afro-Brasileiras, Relações Étnico-Raciais, Racismo e Educação, Culturas Afro-Brasileiras, Religiões Afro-Brasileiras, Currículo e Educação Básica, História e História do negro no Brasil, Lei 10.639/03 e Educação para as Relações Étnico-Raciais. Estudou Filosofia e Teologia no Instituto de Filosofia e Teologia do Seminário Arquidiocesano da Paraiba (SAPIC) em João Pessoa - PB, Brasil. Foi bolsista do Programa de Bolsas de Pós-Graduação do International Fellowships Program, da Ford Foudation e da FAPESP. Membro da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN). Membro do Núcleo de Pesquisas Relações Raciais: Memória, Identidade e Imaginário, do Departamento de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC/SP.







6 de setembro de 2018

[São Paulo] Encontro discutirá o universo da criança nos terreiros de candomblé


Na próxima terça-feira, 11 de setembro, às 19H, a Ocupação Cultural Jeholu receberá mais uma edição do "Saberes e Pensares de Terreiro". Com o tema "Omode: Crianças no Terreiro, o encontro dialogará sobre a infância, Empoderamento, convivência, construção de identidade e a formação educacional no universo das religiões de matrizes africanas.

Mediado pela Ialorixá Luciana de Oyá, assistente social, conselheira tutelar e militante das questões negras e dos direitos da criança e do adolescente, o encontro terá uma mesa com quatro mulheres negras e de candomblé que se relacionam com a temática, de diferentes formas. São elas: Iya Ana Carolina de Yemojá, Ekedi Alexandra da Oxóssi, Ekedi Marcela Cabral e a omo orixá Odara Delé, professora que, em 2017 lançou o aplicativo Alfabantu, que ensina kimbundu para crianças, através de jogos e brincadeiras.


Mais Informações sobre o evento, clique aqui


A criança de Candomblé 

"O terreiro sem crianças, é um terreiro sem futuro". Essa é, talvez, uma das expressões populares que melhor fala sobre a importância das crianças para o candomblé. São elas que preservarão as tradições, os cultos e legados do das divindades africanas, na diáspora Por outro lado, há de se atentar e preserva-las, pois crianças e adolescentes representam um grande número de vítimas do racismo religioso, e atribuem a escola como um dos espaços mais violentos, como já alertou a Professora Doutora Stela Guedes Caputo, autora de  Educação nos terreiros – e como a escola se relaciona com crianças de candomblé”, lançado em 2012

A Ocupação Cultural Jeholu 

Proposta pelo artista, militante egbon Felipe Brito, a Ocupação nasce da necessidade do diálogo, da coexistência e principalmente do acolhimento por meio do ativismo cultural, do pensar coletivo da identidade negra e do protagonismo negro a partir dos terreiros. Os eventos funcionam com sistema de Contribuição solidária (pague quanto puder).




Serviço: 

Saberes e Pensares de Terreiro - Omode: Crianças no Terreiro 
Data: 11 de setembro, às 19H 
Local: Ocupação Cultural Jeholu 
Rua do Triunfo, 305. Bairro da Luz, São Paulo/SP. 
Entrada: Pague o quanto puder



4 de setembro de 2018

Jurista e filha de Oxum, Ingrid Limeira lança o livro "Da escravidão do Corpo à Escravidão da Alma: : Racismo e intolerância religiosa"



Vivemos um tempo que, ainda que marcado pelo aumento da cultura de ódio e de atentados contra os direitos sociais, é também marcado pela insistência e resistência dos povos de terreiro, em diferentes áreas de atuação, de expressão e posicionamentos.  É o tempo em que as produções de denúncias, estudos e reconstrução da história são cada vez mais recorrentes. Para nossa felicidade e para a nossa possibilidade de reconstruir os diálogos sociais, descortinando as verdades absolutas, questionando as estruturas e re-apresentando outros olhares para a história do povo afro-brasileiro, no Brasil. 

É também desse lugar que parte "Da escravidão do corpo à escravidão da alma: Racismo e intolerância religiosa", de Ingrid Limeira. 

Tema de seu tcc, o texto foi selecionado para publicação no edital de chamamento de trabalhos originais acadêmicos da Editora Letramento, e já está em pré-venda desde o último dia 03 de setembro de 2018, no site da editora. Ainda sobre o processo, Ingrid lembra: "a faculdade não queria aceitar o projeto alegando que não era um tema jurídico, tive que enviar e-mail para o MEC, comissão de educação da OAB, conseguir um orientador de fora da instituição e até mesmo encaminha um oficio da Defensoria Publica para a reitoria da faculdade". 

O livro realiza uma análise sobre a escravidão, o racismo e a intolerância religiosa no Brasil. Demonstra toda a violência institucionalizada em um país que, apesar de conter a laicidade religiosa em sua Constituição, não pratica o respeito aos povos em diáspora africana. Para a escritora, a escravidão deixou marcas que ainda são sentidas por seus descendentes, a inércia e omissão dos poderes, legislativos e judiciários, na proteção da população negra do país, inclusive sua religião. No livro, a jurista filha de Oxum, evidencia que intolerância religiosa é, na verdade, racismo, um racismo religioso, compreendido pelo ódio a tudo que é relacionado a cultura negra. 

Consciente da importância da publicação, a autora que está preparando um evento de lançamento físico do livro, reflete: "A sensação hoje é de grande vitória, olha pra trás e senti que cada lágrima derramada valeu a pena, sensação de reconhecimento. O Direito é um lugar racista, elitista, branco e cristão. Não se dialoga sobre minorias, principalmente racismo. Agora eles terão que nos ler, dialogar sobre as nossas dores, reconhecer os erros e a omissão para com o nosso povo." e conclui: "Faria tudo outra vez!"


Para mais informações e reservas do exemplar, clique em Da escravidão do corpo à escravidão da alma: Racismo e intolerância religiosa



Ingrid Limeira. Acervo pessoal



Pós-graduanda em Direito das Diversidades sexual, racial e religiosa, formada em Direito e Fundadora do Instituto de Direitos Humanos – Objetivando Direito. Desenvolve o Projeto “O Direito e as Diversidades” à frente do Centro de de Formação Jurídica Popular V de Outubro, é ativista dos Direitos Humanos e filha de Osun.