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- Série: Cotidiano de Axé - em Preto e Branco
22 de outubro de 2015
Omi Eró - O Banho que Acalma a Alma
De longe, eu observava minhas mais velhas entrando na mata.
Falavam baixinho para não perturbar o Dono das Folhas - que não gosta de barulho e não permite colheita sem que um 'Agô' anteceda a paga.
Eu olhava...
Olhava, de cabeça baixa, e só via os pés descalços,
No ouvido soava cânticos que eu acompanhava sem pressa, esfregando uma mão na outra... Era assim, que compassadamente, os olhos iam se fechando.
O pensamento cada vez mais firme nos sonhos, nos pedidos, na cura e calma que tanto queria... Já rezava. - Sem falar do coração que no embalo de tudo aqui, seguia o ritmo e me encorajava a permitir que o danado falasse... Chorava
No canto que chorava, Elas pegavam água, onde mergulhavam folhas e alquimia começara.
Era Lindo! Era mágico! Um perfume exalava os quatro cantos, e a chama da vela encandecia e se movia para afirmar a presença do vento sagrado, que tudo observava, que tudo entendia sobre os meus pedidos e as rezas sutilmente entoadas, em apoio ao meu clamor... Tudo era Amor!
E assim, passo a passo, me despia das vestes sujas e cansadas do mundo, pisava o chão gelado, me dobrava e era cada vez mais frágil, chegando ao ponto de só ter forças para pensar e suplicar pelo conforto que as folhas podiam me dar...
Foi quando, no auge de meus pensamentos, recebi uma cachoeira em mim.
Era cachoeira, era Rio, Mãe, Mar, Tempestade, Chuva, e tudo se somava às lágrimas que foram deixando de ser de angústias e transformavam-se em Paz, Aconchego e em um frescor jamais sentido.
Estava eu, limpo e protegido pela Vida que habita o sumo das folhas. Estava apto a vestir-me de branco, deixar meus chinelos gastados, para poder pisar a terra de Orixá. Era tão intenso e a água que caia em meu corpo, invadia-me de uma forma incrível, e tocava o coração...
Agora, Eu era, simplesmente, Limpo por Proteção e Amor...
Foto e Texto: Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved
19 de outubro de 2015
Rumbê e a Experiência de Fazer a Pedra Falar
Dentro do candomblé, nada é mais valioso que saber fazer a pedra falar. O Orisa é a pedra dentro do Igbá, que se complementa com favas, raízes, elementos diversos. Não adianta termos conhecimento sem termos a malícia que só o dia-a-dia nos ensina para fazer a pedra falar.
Um dia meu pai fez um teste comigo que vou contar:
"Mais ou menos pelos meados do ano de 1995, eu tinha 5 anos de santo, e meu pai chegando ao terreiro colocou uma esteira no chão e disse que era para que eu tomasse um banho de folhas, vestisse uma roupa de ração limpa e sentasse na esteira. Me deixou esperando mais ou menos por 1 hora, e já impaciente indaguei se podia sair de lá. Ele disse que eu era muito apressada, e que esperasse que ele iria dizer o que queria. Pois ele foi tomar café, ficou conversando com o povo que estava lá e nada de me falar o que queria.
Depois de infinitas horas ele mandou a ajoie
dele chamada de Mãe Cilinha buscar três pedras dentro de um coité e pediu que
eu escolhesse uma. Logo pensei que iria virar de santo, pois tudo naquela época
que acontecia Iyawo virava. Mas nada, nada aconteceu. Então disse que eu
colocasse a pedra na minha frente e ficasse olhando para ela, vendo formato,
cheiro, cor, textura, assim fiz, e ele mandou que eu não saísse de lá. Fiquei entediada
de tanto analisar aquela pedra, ainda mais imaginando o porquê daquilo.
Bom, ele voltou depois de um tempo e disse que era para levar aquela pedra para casa e que fosse observando ela e cantando todos os dias uma cantiga de um determinado orisá e não deixasse ninguém colocar as mão nela.
Obedeci, fui para casa e depois de 15 dias fazendo o que ele me pediu enfiei aquela pedra na bolsa e voltei para o terreiro. Quando cheguei lá a primeira coisa que ele me perguntou foi da danada da pedra, e mostrei para ele que estava comigo e que tinha feito tudo como tinha ordenado. Me mandou sentar novamente na esteira e tirou a pedra de mim.
Pouco tempo depois chegou com umas 30
pedras e mandou eu dizer a ele qual delas tinha ficado comigo aqueles dias, foi
um susto para mim, pois eram muitas, mas com muita atenção eu achei e mostrei
com convicção. Meu pai sorriu e me elogiou, e perguntou se eu tinha ouvido a
pedra cantar comigo a cantiga que ele falou para cantar todos os dias, dei
risada e meio no respeito e no deboche disse que pedra não falava. Pai balançou
a cabeça e disse: "Minha filha essa pedra ficará em seu futuro jogo de búzio,
e ela será Esú, aquele que trará o recado dos orisa, e se você perguntar para
ele algo e não ouvir a pedra falar não adiantará ter um jogo de búzios".
Fiquei de olhos arregalados e sem
fala. Quando perguntei qual era a magia para conseguir escutar ele respondeu,
que era a malícia da dia-a-dia do meu conhecimento que faria isso, que a magia
estava dentro de mim, era só abrir os ouvidos e escutar, mas de uma coisa não
poderia esquecer jamais, que era cantar para essa pedra sempre, assim ela
reconheceria minha voz e me responderia quando precisasse de resposta.
Até hoje essa pedra fala comigo."
Sua benção meu pai.
Experiência e texto de Iyá Branca de G'unté (Minha Mãe!)
Sua benção meu pai.
Experiência e texto de Iyá Branca de G'unté (Minha Mãe!)
17 de outubro de 2015
Terreiros e Especialistas promovem encontro sobre Políticas Públicas para Povos Tradicionais de Matriz Africana, em São Paulo
Entre
os dias 23 e 24 de outubro, o CEU Caminho do MAR receberá terreiros de todo o
estado para o I Seminário Ìpàdé (encontro) dos Saberes. Um encontro de diálogo
entre especialistas, representantxs do poder público, alunxs da rede pública,
educadorxs, sacerdotes, sacerdotisas e sociedade religiosa de matriz africana, a cerca das políticas
públicas afirmativas voltadas para as religiões afros e comunidade negra.
O
Direito de ter direito dos Povos e Comunidades de Terreiro de São Paulo é um
dos temas que serão abordados, com a importante participação da Professora
Pesquisadora Alessandra Gama – capoeirista, atuante nas áreas de educação,
patrimônio imaterial e gestão cultural, além de ser articuladora da Rede SP de
Memória e Museologia Social e do Coletivo Salvaguarda da Capoeira de Campinas,
que na companhia do Professor e Jornalista Juarez Tadeu de Paula Xavier,
fundador da UNEGRO, com importantes palestras de empoderamento para a
participação política das lideranças religiosas no o processo de elaboração,
desenvolvimento e monitoramento destas políticas para a promoção da igualdade
racial, enfrentamento do racismo e de todas as formas de intolerância.
Entre
os convidados e convidadas confirmadas, estão a Deputada Leci Brandão do Deputado Federal Orlando
Silva, Doné Oyacy, Doné Lurdes, Pai Carlos d´Ogum e o Fotógrafo Roger Cipó, com
sua exposição Exposição Fotográfica "aFÉto", uma série sobre a Relação de Amor
entre Orixás e Fiéis.
Gratuito, o evento ainda reserva uma animada programação artística, embalada com muito samba de roda, intervenções culturais, entre outras. As inscrições podem ser feitas no dia. Para
mais informações e programação completa, clique no link https://www.facebook.com/events/463662060425472/
Serviço:
I Seminário Ìpàdé dos Saberes:
Políticas Públicas e Afirmativas para os Povos e Comunidades Tradicionais de
Terreiro
Data:
23 e 24 de Outubro de 2015
Entrada GRATUITA
Local:
CEU Caminho do Mar
Avenida
Engenheiro Armando de Arruda Pereira, 5241 - Vila do Encontro, São Paulo - SP
14 de outubro de 2015
Matrizes Africana e Indígena contradizem o Espírito do Capital
Do Portal da Juventude (lido no negro Belchior)
Ivan da Silva Poli é autor de um Mestrado sobre “A importância do estudo das mitologias e gêneros literários da oralidade africana e afro-brasileira no contexto educacional brasileiro: a relevância da Lei 10639/03″.
Seu ponto de vista é polêmico: coloca as tradições africanas e indígenas como frontalmente antípodas ao espírito do Capital. E aqui estamos invocando o “espírito” de Max Weber, um mestre da sociologia moderna, ocidental.
Por Ivan da Silva Poli
Uma das principais motivações que me levaram a escrever
a obra “Antropologia dos Orixás” foi justamente o fato de a maior parte das
obras sobre os mitos africanos tratá-los somente no aspecto religioso, sendo
que segundo o mitólogo Joseph Campbell o mito tem mais três funções além da
mística (religiosa) que são a cosmológica (explica uma ordem universal), a
sociológica (cria corpos sociais ) e a pedagógica (cria arquétipos que imitamos
e legitima comportamentos).
Atualmente as tradições de matriz africana sofrem
ataques e agressões em vários níveis e a principal razão disso não se enquadra
exatamente em razões religiosas em si mas sim em conflitos de valores
civilizatórios entre a cultura do capital ocidental e as culturas tradicionais
tanto de matriz africana quanto indígena.
Segundo Max
Weber o Espírito do Capital ( que muito a grosso modo é a disposição de
acumular capital como uma finalidade em si mesma ) vem da ética das primeiras
seitas protestantes assim como o conceito de vocação profissional dentre
outras coisas do conceito de Vocação de Lutero, e este comportamento dentro do
Espírito do Capital interessam sobremaneira aos detentores dos meios de
produção, razão pela qual muitos deles financiam ( inclusive do capital
estrangeiro ) a evangelização de comunidades tradicionais.
Segundo o Antropólogo Georges Balandier em seus
estudos sobre as comunidades tradicionais na África Subsaariana , estas em
geral tem a tendência de condenar a morte social aqueles que acumulam capital
ou riquezas de forma a ameaçar a sustentabilidade de suas sociedades e no caso
de nossas sociedades tradicionais tanto de matriz africana quanto indígena esta
influência está presente o que contrasta com o que Weber define como o
Espírito do Capital.
Outro valor civilizatório das tradições de matriz
africana que vai contra o Espírito do Capital em si é o conceito de
ancestralidade e senioridade, pois ancestralidade é memória e memória é
resistência e este valor da ancestralidade vai contra a cultura de consumo.
Da mesma forma as comunidades tradicionais de matriz
africana baseadas na ancestralidade e senioridade incitam a adoção das
dinâmicas sociais africanas tradicionais que só aceitam o novo se ele for
ressignificado a partir do tradicional e dificilmente aceita o novo pelo novo ,
o que se converte também em um valor civilizatório que contrasta com a cultura
de consumo e o Espírito do Capital.
Neste sentido o próprio Max Weber afirmava que a o
Espírito do Capital prevaleceria na América Latina quando esta fosse
predominantemente Protestante ( e em conseqüência menos católica e
exterminasse as religiões tradicionais de Matriz Africana e Indígena ).
Para entendermos melhor o que isso significa basta
que nos atentemos ao que representaram os quilombos no período colonial no que
se refere a resistência ao Capitalismo Mercantilista, e ainda hoje estas
comunidades quilombolas e indígenas que mantém suas tradições representam
a este atual Espírito do Capital , motivo pelo qual se faz grande
prioridade evangelizá-las.
Desta forma fica bem claro que mais do que valores
de dogmas ou religiosos o que faz com que as tradições de matriz africana
sofram agressões é o conflito de valores civilizatórios e como única saída para
que possam sobreviver a esta onda conservadora de agressões que passam é que
nossas casas de Matriz Africana se tornem pontos de Cultura e propagadoras
destes valores civilizatórios patrimônio Cultural de Todos Brasileiros e que
assim possam gozar da proteção do Estado ( pois o Estado não pode defender
valores religiosos ou dogmas , contudo tem o dever de defender valores
civilizatórios que são nosso Patrimônio Cultural.
Neste sentido desenvolvi os livros Antropologia dos
Orixás e Pedagogia dos Orixás , para defender estes valores civilizatórios
tanto no meio acadêmico quanto para que sirvam de material de formação sobre
estes valores civilizatórios em ambientes educacionais e comunidades
tradicionais , para servir assim em sua defesa institucional.
O pai (muitas vezes protestante e negro) que não se
importa que seu filho veja como herói os mitos nórdicos de suas comunidades
tradicionais no passado como Thor (que na Escandinávia nenhum
pai protestante contesta que seja um mito que traz importantes valores
civilizatórios a suas identidades nacionais), tem que reconhecer nos mitos
africanos como Ogum , Oxóssi , Yansã , Oxum e todos Orixás estes valores
civilizatórios fundadores de nossa nação.
É necessário que independentemente das religiões se
admita que o Reino do Ketu tem muito mais a ver com nosso processo
civilizatório brasileiro que o Reino de Odin ou mesmo o Olimpo Grego em muitos
aspectos.
Este processo descolonizador é um dos principais
objetivos de minha obra como um todo e nestes específicos em relação aos
valores civilizatórios que herdamos de nossos ancestrais africanos que muitas
vezes são invisíveis em nossa educação mesmo em universidades de referência de
nosso país assim como em nossa mídia hegemônica.
Fotos: Roger Cipó - Olhar de um Cipó
13 de outubro de 2015
Candomblé Ostentação - Dos Excessos que Gosto
Esse pensamento nada tem a ver com a cultura de
ostentar excessos em pedrarias, ornamentos,
balangadans, quilos de panos, paramentas absurdamente descaracterizadas - e esteticamente
cheias de não sentidos, "ajeuns" glamorosos por encomendas,
cerimônias rituais em locações luxuosas, seguidas de alvoradas orquestradas,
cafés da manhã requintados, entre outras novidades que nos assustam a cada dia
que passam a brilhar os olhos dos nossos.
Particularmente, penso que o erro já começa na
associação da palavra ostentação ao
candomblé, quando essa define a cultura dos excessos de que tanto estamos
cansados de ver, ouvir e falar. No
entanto, gosto do termo ostentação quando representa os luxos que poucos olhos
podem ver, mas os corações sentem. A ostentação (do latin "ostentare" que significa "mostrar") é o ato ou efeito
de exibir com vaidade e pompa,
bens, direitos ou outra propriedade, normalmente fazendo referência à
necessidade de mostrar luxo ou riqueza.[1] O termo também pode contrair conotação
positiva como por exemplo, "apesar de humilde, o sacerdote ostentava
a fama de ser muito responsável no cuidado com seus filhos de santo, sempre tão
bem educados".
Sim, eu gosto do candomblé ostentação, quando de
forma natural e sem nenhum alarde, se ostenta amor pelo Orixá em sua essência.
Gosto mesmo quando o excesso é apenas de respeito pela comunidade e por qualquer pessoa que chegar. Gosto quando o excesso é de obediência ao o que pede o
Orixá e quando, excessivamente, sente-se Orixá nos quatro cantos do terreiro. Sou apaixonado por lugar com excesso de filhos prontos para a função. Sou apaixonado por candomblé que Orixá tem espaço para excesso de abraços e
demonstrações de carinho por aqueles que o louvam de coração aberto, e não
simplesmente saúda aquele sacerdote famoso, ou no contrário, faz cara feia e
"peita" os possíveis desafetos de seus "Omo".
Pode ser desconexo pensar ostentação de
sentimentos, de seriedade, de carinho,
atenção, e verdades. A ostentação trata de práticas de soberba e vaidade, logo,
naturalmente quando se transborda bons sentimentos, não há tempo, tampouco
necessidade de se vangloriar por amar e respeitar tanto o outro. Quem assim
faz, só faz por entender a importância da afetividade, e quem cultua a
ostentação do candomblé, faz por uma necessidade de atenção. Acho mesmo que a
gente dando espaço para o culto de excessos errados. Cultuamos o ego e nunca o
amor. Talvez, tudo seria mais fácil se nossos excessos fossem de afeto e não
medidos nas quantidades, nos valores gastos, e nos luxos que preocupam tantos
dos nossos, certos de que serão melhor aceitos se os olhos do visitante brilhar ao entrar na sua sala e encontrar seu orixá - mesmo que descaracterizado - impecavelmente brilhoso.
Nossos valores são pautados nos preços e gradativamente, vamos nos perdendo numa cultura descartável sem verdadeiro valor e quase nada de Axé.
Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved
7 de outubro de 2015
Show Baile dos Orixás convida Fabiana Cozza, Sexta 09/10 - Sesc Pinheiros
Nessa sexta-feira de Oxalá, 09 de Outubro, o Sesc Pinheiros recebe o show Baile dos Orixás. Comandado pelo renomado Maestro Guga Stroeter e Orquestra Heartbreakers, o show Baile dos Orixás obedece a sequência de canções devocionais praticada nos terreiros, interpretadas pela dupla Aloísio Menezes e Carol Bezerra, e com participação especial de Fabiana Cozza.
No ritual, as canções são tocadas por três tambores (rum, rumpi e lé) e por um agogô (gã), sem instrumentos harmônicos. Para este show, foram acrescidos instrumentos de sopro, contrabaixo, piano, vibrafone e recursos eletrônicos sintonizando esses cantos ancestrais com as sonoridades da música pop contemporânea.
Os ingressos já estão disponíveis nas unidades Sesc: http://www.sescsp.org.br/programacao/74948_BAILE+DOS+ORIXAS
Se você ainda não conhece o Baile dos Orixá, clique no link, ouça e se apaixone: https://soundcloud.com/guga-stroeter-ii/sets/guga-stroeter-orquestra-hb-xir
Fotos do Show de 2014, por Olhar de um Cipó: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.832350660140428.1073741883.458700457505452&type=3
1 de outubro de 2015
Sociedade Afro-Religiosa celebra o dia da Matriz Africana, em São Paulo.
Pouca gente sabe que o dia 30 de setembro é instituído como o Dia Municipal das Religiões de Matriz Africana: Umbanda,
Candomblé e seus segmentos- Lei Municipal 14.619/07, de autoria do Vereador
Wadih Mutran, sob orientação da Sacerdotisa Iyalorixá Edelzuíta de Oxaguian.
" Sobre a lei,
já me perguntaram por que 30 de setembro? Porque é o mês em que está se
colhendo inhame na África, o período quando se faz as águas de Oxalá no Ilê Axé
Opô Afonjá, no Engenho Velho e no Gantois, e também porque é quando se inicia a
primavera. Então, achei que 30 de setembro seria uma boa data por isso e também
por ser dia de São Gerônimo, que não é Xangô mas é sincretizado com ele. E
Xangô é a força da nossa tradição." - explica Mãe Edezuíta.
Ontem, 30 de
setembro, a Câmara Municipal de São Paulo foi ocupada pela sociedade
afroreligiosa para a abertura oficial do Movimento As Águas de São Paulo 2015.
O evento é também uma importante reflexão sobre a intolerância religiosa que
dia após dia explícita sua guerra contra a liberdade de expressão e direito à
fé. Em sua nona edição, o Ato Solene As Águas de São Paulo contou com a participação da diretoria do movimento,
autoridades religiosas de todo o estado, representantes do poder público e difusores
da cultura afrobrasileira, como o Diretor
Cultural do Revelando São Paulo, Toninho Macedo. Intervenções musicais afro-religiosa
permearam o evento. "a nossa tradição é baseada em musicalidade" -
comentou Felipe Brito (um dos diretor do movimento) que se dividiu em mestre de
cerimônia e cantor do Novo Coral de Suzano, grupo que encerrou a noite com uma
emocionante apresentação.
Tradicionalmente, a
sessão solene homenageia e condecora uma sacerdotisa e um sacerdote com a
posição de embaixatriz e embaixador. Esse ano, o casal escolhido para conduzir
o cortejo é formado pela Iyalorixá Neinha de Nanã (Candomblé) e Pai Reinaldo
Tupinambá (Umbanda). Em respeito à ancestralidade que ampara as lutas do Povo
de Axé, o legado da Iyalorixá Sandra Epega (1947 - 2013) foi lembrado em
uma importante homenagem póstuma, representada pelos seus descendentes que se
fizeram presente na ocasião.
Confira a sessão de imagens do evento, no link: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1026025364106289.1073741905.458700457505452&type=3
Essa Luta também é Minha!
Sim. A Luta contra a desigualdade é de todo aquele que não se silencia.
No próximo sábado, 03 de Outubro, vista-se de branco, pegue
seu instrumento, sua quartinha branca e junte-se ao movimento o Movimento que
tomará as ruas de São Paulo para o ato púbico em repúdio aos crimes de
Intolerância Religiosa, Racismo e atentados contra as diferenças. A
concentração acontece no Vale do Anhangabaú, a partir das 12H, com diversas
apresentações culturais, e segue com o tradicional cortejo até a Monumento Mãe
Preta para a lavagem da estátua que representa a ancestralidade feminina negra,
na cidade.
Mais Informações: https://www.facebook.com/aguasdesaopaulo?fref=ts
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