21 de novembro de 2016

São Paulo recebe exposição fotográfica sobre a vida no candomblé



A dança sagrada, a beleza do rito, o encontro com a divindade em transe.
Cores, formas, texturas e afetos da família de santo são traduzidos na fotografia de Roger Cipó, e compartilhados em sua mais recente exposição, Olhar de um Cipó, que abre na próxima quarta-feira, 23 às 15H, no tradicional Palácio da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, no Pátio de Colégio, centro da cidade.

A exposição leva o nome da pesquisa de RogerCipó, o jovem fotógrafo e candomblecista que vem se destacando com sua sensível arte de registrar a vida ritual e social dos terreiros de candomblé. Seu trabalho propõe um diálogo visual atravpes das belezas do universo dos orixás, para desconstruir o imaginário intolerante sobre a imagem de terreiro, construído a partir das lentes do racismo religioso, ao longo do processo de demonização e marginalização da fé em divindades negras.   

Com visitação até 30 de novembro, a Exposição FotográficaOlhar de um Cipó integra a programação especial da Consciência Negra, promovida pela Coordenação Geral de Apoio aos Programas de Defesa da Cidadania, em parceria com o Fórum Inter-religioso por uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença de São Paulo.


Saiba mais sobre a pesquisa Olhar de um Cipó pela promoção e valorização da imagem de terreiro: https://www.facebook.com/olhardeumcipo/?fref=ts


Serviço: 
Exposição Fotográfica Olhar de um Cipó
Abertura: 23 de Novembro, às 15 - Visitação até 30 de novembro.
Local: Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania
Espaço da Cidadania André Franco Montoro
Largo Pátio do Colégio, 184 - Sé, São Paulo
Entrada Gratuita


2 de novembro de 2016

Infância entre Divindades - as Crianças no Xirê do Candomblé


"Feliz, a criança vive entre os deuses
Abraça deusas 
E se torna príncipe e princesa", Roger Cipó.

O candomblé é uma religião fundada pelos povos africanos, no Brasil, numa tentativa de reestabelecer as relações famíliares que foram interrompidas com o desumano processo de escravização de mulheres, homens e crianças negras, no país. 

Não a toa, comunidades religiosas se reconhecem e se organizam a partir dessas referências. São mães, pais, filhas, filhos, tios, avós, avôs de santo, constituindo famílias de axé e propagando assim um dos sistemas religiosos mais complexos do mundo, interligando humanidade e natureza, amparados nos conceitos civilizatórios africanos onde a família extensa é a base. Uma noção de família acolhedora, que respeita diversidades e abraça diferentes, pela unidade e fortalcimento da identidade individual e coletiva.

Nesse contexto, a criança de terreiro é educada com olhar especial. Aprende desde cedo o verdadeiro sentido de respeito e crescem sob à luz e cuidados de deuses e deusas africanas. "O Candomblé valoriza a família, a vida em família e é uma família; sendo assim, a criança é vista como um vir a ser e como a continuidade da família e da vida em família – ela é e deve ser elemento nuclear e protagonista neste universo africano", explica o Professor Dr. e Babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, e completa: "neste Candomblé cíclico e contínuo, a criança iniciada tem papel de protagonista e tem seu espaço, ela é honrada, louvada e protegida, como criança, que será o futuro da comunidade, porque sabem que, efetivamente, ela o será. Em uma sociedade que nega o espaço a esta criança, encontrar um espaço privilegiado no Candomblé pode, em certa medida, compensar esta ausência e, por isso, ela gosta de estar nele"

A série fotográfica "Uma Infância entre Divindades - as Crianças no xirê do Candomblé" compartilha expressões de crianças durantes celebrações de terreiros de candomblé. Para elas, sagrados territórios, onde estão protegidas da intolerância religiosa, um dos tentáculos mais perversos do racismo, mal presente nos diferentes espaços sociais e que faz do ambiente escolar, um dos mais nocivos para quem cresce com fé nos orixás, como constatou a pesquisadora e professora Stela Guedes Caputo. Confira a série: