Hoje nossa pátria chora lágrimas de vergonha e tristeza ao
perceber que nós não havíamos entendido o que é respeito e dignidade a nossa
bandeira brasileira que é sagrada para muitos de nós.
Percebo que hoje a perfídia dos poderosos começam a se
travestir em golpe politico com seus pactos de complô contra a Democracia, nos
envolvendo em um mar de lama, como o que ocorreu em Mariana. Já não é
suficiente toda esta sujeira, nos vemos ser arrastados pela manipulação
midiática do poder da falsa informação aos incautos.
Mas eu, uma mulher negra e consciente de meus direitos não
me deixarei abater em meus 85 anos de vida negra, onde sigo minha fé
afro-brasileira rogando aos meus ancestrais e orixás, para que estes algozes
com suas chibatas na mão, não ficarão impunes, pois Xangô é minha lei e
justiceiro e não irá me trair nem ao meu povo.
Não passarão!
O golpe não terá uma plateia automática aplaudindo tal
desdita nefasta e cruel, sou uma mulher e Iyalorixá do Candomblé, e viví a
Ditadura Militar e o Estado Novo, onde minha cultura e religiosidade afro negra
foi calada e violentada durante décadas
da atualidade e séculos passados com a Escravidão.
Hoje a Censura e Ditadura à nós é contemporânea e portanto,
dissimulada, pois usam novas linguagens racistas, fascistas para nos iludir e
controlar.
Povos de Terreiro e Matrizes Africanas, não estou aqui para
defender o lado dos que sempre nos submeteram e nos dominaram, colocando nosso
povo em situação de escravização moderna.
Mulheres negras, brancas, indígenas, mas antes de tudo mulheres,
somos a representação da vida, pois a geramos. Não sejamos omissas e coniventes
com este Golpe vergonhoso que o poder senhorial quer de novo nos impor, como
peças baratas de mercado.
“A carne mais barata do mercado é a carne negra”
Não irei compactuar com o genocídio da população negra, o
feminicidio de nós mulheres, o racismo, a intolerância religiosa e a homofobia
e lesbofobia.
Este Golpe vergonhoso representa o retrocesso de conquistas
de Direitos Humanos e está em nossa Constituição Federal, portanto, o pleno
exercício de nossa Democracia.
Não me deixarei ser usada por uma classe autoritária que não
quer que tenhamos acessos a direitos, que antes só eram permitidos a
privilegiados e os ditos bem nascidos, mas foram estas castas arrogantes que escravizaram
nossas mentes e vidas até os dias de hoje.
Que minha mãe Iyemonjá Ogunté, alimente e frutifique nossas
cabeças para dias melhores em nossas tão árduas vidas cidadãs!
Viva o meu Brasil, Viva a Democracia!
Não ao Golpe a vida!
Beatriz Moreira Costa