2 de novembro de 2016

Infância entre Divindades - as Crianças no Xirê do Candomblé


"Feliz, a criança vive entre os deuses
Abraça deusas 
E se torna príncipe e princesa", Roger Cipó.

O candomblé é uma religião fundada pelos povos africanos, no Brasil, numa tentativa de reestabelecer as relações famíliares que foram interrompidas com o desumano processo de escravização de mulheres, homens e crianças negras, no país. 

Não a toa, comunidades religiosas se reconhecem e se organizam a partir dessas referências. São mães, pais, filhas, filhos, tios, avós, avôs de santo, constituindo famílias de axé e propagando assim um dos sistemas religiosos mais complexos do mundo, interligando humanidade e natureza, amparados nos conceitos civilizatórios africanos onde a família extensa é a base. Uma noção de família acolhedora, que respeita diversidades e abraça diferentes, pela unidade e fortalcimento da identidade individual e coletiva.

Nesse contexto, a criança de terreiro é educada com olhar especial. Aprende desde cedo o verdadeiro sentido de respeito e crescem sob à luz e cuidados de deuses e deusas africanas. "O Candomblé valoriza a família, a vida em família e é uma família; sendo assim, a criança é vista como um vir a ser e como a continuidade da família e da vida em família – ela é e deve ser elemento nuclear e protagonista neste universo africano", explica o Professor Dr. e Babalorixá Sidnei Barreto Nogueira, e completa: "neste Candomblé cíclico e contínuo, a criança iniciada tem papel de protagonista e tem seu espaço, ela é honrada, louvada e protegida, como criança, que será o futuro da comunidade, porque sabem que, efetivamente, ela o será. Em uma sociedade que nega o espaço a esta criança, encontrar um espaço privilegiado no Candomblé pode, em certa medida, compensar esta ausência e, por isso, ela gosta de estar nele"

A série fotográfica "Uma Infância entre Divindades - as Crianças no xirê do Candomblé" compartilha expressões de crianças durantes celebrações de terreiros de candomblé. Para elas, sagrados territórios, onde estão protegidas da intolerância religiosa, um dos tentáculos mais perversos do racismo, mal presente nos diferentes espaços sociais e que faz do ambiente escolar, um dos mais nocivos para quem cresce com fé nos orixás, como constatou a pesquisadora e professora Stela Guedes Caputo. Confira a série: 





























4 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente trabalho de divulgação da Cultura de um Povo que resiste ao racismo, a perseguição social e a injustiça histórica.

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  2. Parabéns pela reportagem e pelas fotos lindas.Aí que resistir sem perder a doçura❤

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