5 de agosto de 2018

Marcha por liberdade religiosa ocupará a Avenida Paulista

Na foto: Nega Duda, por Roger Cipó.



Comunidades de terreiro protestarão contra proibição do abate religioso, que será
julgado pelo STF no próximo dia 9.


Na próxima quarta-feira, (08) será realizada a Marcha das Religiões Afro-brasileiras pela Liberdade Religiosa, que tem concentração marcada para às 18h, no Vão do MASP.

A marcha, convocada pelos adeptos do candomblé e outras tradições de matriz africana, tomará a Avenida Paulista, no dia dedicado a Xangô, quarta-feira, orixá da justiça, para denunciar uma série de violências cometidas contra a religiosidade negra, com foco no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 494601 do Ministério Público do Rio Grande do Sul, que será votado pelo Superior Tribunal Federal, no próximo dia 09 de agosto, para contestar a legitimidade da lei gaúcha que, em 2004, declarou legal e constitucional o
abate religioso, nas religiões afro-brasileiras.

Segundo a organização da Marcha, o Recurso representa um atentado direto à laicidade e ao Estado Democrático de Direito e ainda afirmam que se trata de racismo, pois o objetivo do RE não é o fim do abate religioso, uma vez que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne sacralizada das Américas e legitima o abate destinado aos rituais religiosos muçulmanos. 

São esperados cerca de 3 mil pessoas entre religiosos e ativistas dos direitos
humanos. Além de São Paulo, cidades como Rio de Janeiro, Salvador, e
Londrina confirmam marcha em repúdio ao RE 494601 e ao racismo religioso.

Em vídeo, o Ex-Secretário de Justiça do Estado de São Paulo, Dr. Hédio Silva
Junior, explica o histórico da ação. Confira: 




Sensibilizando o STF

Na última quinta feira, 02 de agosto, os advogados Hédio Silva Junior, Antônio
Basílio Filho e Jáder Freire de Macedo, Demétrius Barreto Teixeira e Júlio
Romário da Silva, representantes das religiões afro-brasileiras, entregaram,
nos gabinetes de todos os ministros do Supremo Tribunal Federal, um parecer jurídico sustentando a legitimidade, legalidade e constitucionalidade do abate
religioso de animais.

“Essa luta é de todo aquele que luta por igualdade de direitos, e por um estado
laico de verdade, e por isso é importante que todos e todas somem esforços e
repudiem o que pode ser mais um página de retrocesso na história da
democracia brasileira” alertam os organizadores e reforçam o chamado. 
Leia também a nota da Comissão Afro-Religiosa Òkàn Dimó: 



Serviço:
Data: 08 de agosto de 2018
Horário: às 18h.
Concentração: Vão do MASP - Avenida Paulista
Para mais informações, clique aqui 

25 de junho de 2018

O que eu mais gosto em Èṣu



O que eu mais gosto em Èṣu é a sua capacidade de nos provocar e nos dizer a todo momento que as coisas podem ser diferentes. 
Èṣu é a gênese, a provocação, a comunicação, o recomeço, o fim, o tudo, o nada, os prefixos des- e re- certamente lhe pertencem. Èṣu é movimento. Ele certamente odeia a inércia. 
Todos nós somos Èṣu e nos esquecemos dele.
Vamos ficando preguiçosos dele, vamos abandonando o Èṣu que há em nós e é justamente nesta hora que ele nos manipula. Dizem que aquele que acende a fogueira com lenha molhada é um tolo porque ele sabe que terá de passar mais tempo abanando a lenha.

Èṣu não suporta perda de tempo, mas também não suporta a pressa. Ele é a controvérsia - Laroiye Èṣu - salve a controvérsia é a sua saudação. Em Èṣu tudo é tão paradoxal. 
Onde está o equilíbrio, onde está o melhor caminho. Está na ação. Está no Àṣẹ e na integridade existencial.

 Èṣu é Àṣẹ.
Negar o Àṣẹ é um grande Eewọ para a atuação e proteção de Èṣu em nossas vidas. 
Hoje pense no grande Ẹbọ para agradar Èṣu: o que posso fazer por mim? Èṣu não suporta o inacabado. 
Por isso pense bem antes de começar.
 Oṣala não desistiu de sua viagem para visitar Ṣàngó e por isso Èṣu permitiu que continuasse a sua viagem. Todas as histórias dos Òrìṣà nos ensinam o valor das continuidades, dos objetivos, da obstinação e da vida.

O que temos feito por nós?
O que queremos para nós? 
Por que as coisas tem sido mais difíceis hoje do que ontem? 
Por que tenho fugido do meu próprio potencial e de um destino de superação?
Por que vou ao mercado e não sei o que trocar? 
Por que quero ser menos do que mereço?
Por que estou parado esperando o paraíso cristão?
É preciso dizer a si mesmo que resistirá as provocações de Èṣu e que superará as próprias incertezas. São as incertezas que tornam os caminhos mais estreitos. É a percepção que faz o caminho. É a percepção que faz o caminho. 

Agradeça, encha-se de certezas e vá em frente! 

Laroiye Èṣu.

[Texto: Professor Doutor Babalorixá Sidnei Barreto Nogueira 
Foto: Por: Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved]

16 de dezembro de 2017

Fotos de Axé para celebrar 1 MILHÃO de acessos no Olhar de um Cipó


Alguém pode ler e pensar: O que é um  milhão de acessos em um blog, quando há publicações na internet que, em um dia só, ultrapassam essa marca? 
Tudo bem, mas preciso também falar da felicidade que isso significa e a importância de pensar as possibilidades da alcance que nossas produções tem. E por isso celebro. 

Olhar de um Cipó é um blog que nasceu como forma de diálogo a partir das minhas vivências e anseios, no candomblé, e a fotografia é a forma que me cabe para escrever sobre essas experiências. 
O candomblé é a experiência de humanidade mais humana que eu já tive, e tenho. É o lugar que me permite ser, e que historicamente, é o lugar criado pelos meus ancestrais para pudessem ser livres, em resposta à opressão de uma escravização de quase 400 anos. 

Não só a violação e marginalização de nossas crenças, o racismo fez também que as temáticas relacionadas a religiosidade negra no Brasil, quando não invisibilizadas, fossem fetichadas, apresentadas de formas desumanas, porque é isso que um sistema racista faz com as práticas ancestrais africanas, no Brasil. Dessa forma, me é simbólico alcançar a marca de 1 milhão de acessos, através das tentativas de reescrever uma história em fotografias das diversas camadas de vida, fé e experiências sagradas proporcionadas no contato com divindades africanas. 

Eu poderia só celebrar e agradecer, mas preciso dizer e relembrar que, Olhar de um Cipó é uma ferramenta de enfrentamento ao racismo. É minha resposta. É uma contra-narrativa negra para enfrentar uma cultura que tentou roubas nossa humanidade, e que embora tenha causado grandes danos sociais ao nosso povo, não conseguiu nos eliminar, graças a resistência de todos aqueles que me antecederam, nessa luta. 

Assim, em memória da luta do  meu povo, publico imagens já conhecidas pelas pessoas que acompanham esse trabalho. Publico em agradecimento a cada um que se permite olhar, por aqui. Publico pra dizer que  milhão ainda é pouco, e que continuamos a dizer que o Candomblé é o maior legado que reis e rainhas africanos permitiram a nós, e com respeito, devemos preservar e defender. 

















  






































Todas as imagens publicadas aqui são protegidas pelas leis de direitos autoriais e de propriedade intelectual.  Seus direitos são reservados a Roger Cipó © Olhar de um Cipó


9 de novembro de 2017

Criança no Terreiro: Advogado das religiões afro-brasileiras, no STF, orienta sacerdotes e sacerdotisas




Recentemente, em Tatuí (SP), uma sacerdotisa de candomblé foi condenada a 7 anos de prisão. Na justificativa, a juíza utilizou da alegação de envolvimento de criança em "rituais religiosos" e decretou a prisão da sacerdotisa desde a denúncia.

Dr. Hédio Silva Júnior, mestre em direito pela PUC-SP, Ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo e notório advogado das religiões afro-brasileiras no STF, alerta sacerdotes e sacerdotisas, e propõe procedimentos que visam resguardar os templos afro-religiosos e garantir os direitos à dignidade e liberdade religiosa de crianças e adolescentes.


Silva Júnior, afirma que a educação religiosa da criança e do adolescente é de total responsabilidade dos pais/mães ou responsáveis, e que não há nenhuma legislação que proíba a presença dos mesmos em rituais religiosos, mas "há de se ter cautela" - comenta, tendo em vista as formas com que a intolerância religiosa tem atuado contra as religiões afro-brasileiras, no país. No caso de crianças e adolescentes, sugere autorizações prévias e disponibiliza  dois importantes documentos: um modelo de declaração de pais/responsáveis, para participação em rituais "mais complexos", como define, por exemplo: "iniciações e bori", além de um modelo de comunicado ao conselho tutelar local, para preservação de direitos. 

Assista a entrevista completo, publicado na página da Olhar de um Cipó e, abaixo, acesse os modelos de declaração e comunicado.