15 de julho de 2015

A Intolerância Religiosa que nos Tira a Paz

 

Hoje cedo, eu sorri quando vi a foto de perfil da querida amiga Nega Duda - resultado do ensaio que fotografei,  em 2014,  para divulgação de seus lindos trabalhos de promoção e difusão da cultura do samba de roda, no Brasil. 
Sorri porque a foto colorida seguia de poucas palavras de agradecimento - coisa linda vinda de uma mulher de história linda de superação constante. Nega Duda é a irmã que ganhei da vida e que não teve vida fácil e com muita dificuldade vem tentando facilitar as coisas, na terra da Garoa, há quilômetros de distância e saudades de sua família. A verdade é que toda vez que olho Nega Duda nos olhos, a esperança se estanca e o orgulho sorri por facilitar as nossas vidas com seu lindo exemplo.

Um dia, li que onde há muita luz, sempre há muita sombra e deve ser por isso que insistem em roubar nossa paz, desde sempre... Foram poucos minutos de contemplação  ao amor em gratidão estampado na foto da Nega Duda, e que me deparei com a notícia que me arrancou a Paz do peito:"Terreiro de Pai Antunes é queimado, em Campina Grande" - nota em caixa alta, seguida da foto do terreiro em chamas... Chamas essas que queimaram-me por inteiro, ao ponto de explodir em mim um vulcão de repulsa pela crueldade nascida da ignorância humana.  Sim, a minha vontade era sair botando fogo em tudo mesmo... Esquecer, por um minuto de tudo que é certo ou errado, porque para eles o certo não existe do nosso lado e por isso, precisam queimar o que há de melhor em nossos coração. Dói!

Dói porque a Intolerância Religiosa protagoniza violentos ataques terroristas e todo mundo finge não ver.
A impunidade destila veneno pelas ruas, atravessa a madrugada com suas garrafas de coquetéis molotovs para fazerem imperar a inquisição descarada e fundamentalista desse País. Onde vamos parar? Eu não sei mais...

Como não conseguem respeitar uma religião formada por pessoas como Nega Duda que deixou sua família na Bahia para difundir as coisas mais lindas de sua cultura e assim mudar a cara da cidade cinzenta? Como não se respeita a religião que dá base para os sambas mais lindos cantados pela voz rouca herdada de ancestralidade real que gente como Nega Duda luta tanto para defender, acolhendo todo aquele e toda aquela que se encantar pelas belezas desse universo?

Pergunto mesmo como o racismo pode cegar essa gente ao ponto de não enxergarem que o Amor vive no olhar de quem tem Orixá como filosofia de vida e posição no mundo?
Eu me pergunto o dia inteiro, e se hoje eu falo de Nega Duda, é porque a sua imagem ficou na minha cabeça e a todo instante conflitava com a foto do terreiro em chamas, além de todas as outras imagens do filme que criei na mente para sentir o quão doloroso é ter a sua vida destruída por motivos tão torpes como o "achar que o deus diferente é a maldição do mundo"... Que Mundo vivemos?

Quero dizer: Que mundo vocês vivem?
Porque pessoas como Nega Duda e Eu, que vivemos a filosofia do Amor e Cuidado do Orixá em nossas dias, vivemos em um mundo onde o que importa mesmo é acolher o bem querer, é incentivas o Amor ao Mundo, é difundir que o essencial mesmo é tornar a nossa presença mais leve no mundo. Mundo esse que a Intolerância insistem em tornar pesado, difícil e cruel.
Eu quero mesmo que a gente se permita viver em respeito - Não é Utopia! 

É o que deve ser! É o mínimo que podemos fazer, por nós, pelo outro... Pelo Mundo que não se permite mais sentir o cheiro das flores e só as buscam para arrancar seus espinhos na intenção de torná-los armas de ferir a Paz do Diferente.
 
[Foto do Ensaio: Nega Duda por Olhar de um Cipó - Fotos: Roger Cipó - Make up por Ariane Molina - Produção: Nega Duda - © Todos os Direitos Reservados para Olhar de um Cipó]

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