20 de julho de 2015

Sobre Palavras que Educam ou Matam a Alma


Sobre Palavras que Educam ou Matam a Alma 

Eu sou Devoto da Educação que Ama
Desacredito em efeitos positivos quando a educação é imposta e muito mais desacredito quando há opressão por qualquer que seja o objetivo. 
Os meus olhos brilham mesmo quando vejo crianças no candomblé.
O coração chega explodir em felicidades quando as vejo bem tratadas, bem acolhidas e respeitadas. 
Desconheço educação eficiente que não tenha o Amor como essência
Ainda não vi fruto que prospere se um dia foi mal semeado. 

Por serem sementes lindas, comparo as crianças (mas vale aos jovens, adultos, e todos os outros seres que compartilham dos espaços com a gente) a uma história que conheci assistindo o filme "Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial", que em uma cena emocionante, fala que as árvores das Ilhas Salomão, no centro-oeste da Oceania, como divindades sagradas - não acredito só em coincidência quando para nós, descendentes das culturas africanas, as árvores são moradas da ancestralidade.

Diferente dos cultos afro-diaspóricos, os Nativos da tal Salomão não cultuam as árvores. Mas se o sustento provém da plantação de palmito, eles nunca cortam a árvore de pamito com vida. 
O que fazem  é se reunirem durante trinta e três dias seguidos, pela manhã, no meio dia e ao entardecer, em torno da árvore que se objetiva retirá-la, e três vezes ao dia, reunidos, gritam. Sim! Gritam xingamentos, desmerecimentos, agressões verbais. Seguidos os trinta e três dias, a árvore seca e morre. 
Morre “sozinha” e então é só arrancá-la. 
Segundo os nativos, os gritos de desmerecimento matam o espírito da árvore, o que eles chamam de Leshy - animal da mitologia Eslava, que protege animais e moradores das florestas.

Por que fui longe para comparar nossas crianças com as árvores do Centro-Oeste da Oceania? 
Fui para enfatizar o quão nociva podem ser nossas palavras, pois são fontes inesgotáveis de poderes - para o bem e para o mal. 

Com palavras, e possível construir e destruir na mesma intensidade. E embora as crianças aprendam muito com exemplos, as palavras tem forças e por isso precisam, sempre serem bem escolhidas. 

É fácil entender a tristeza que toma uma árvore quando passa mais de um mês ouvindo insultos e as palavras mais feias. É uma sentença de morte exata.
Mas é lindo também ver como floresce alguém quando bem cuidado, bem elogiado, bem conduzido e acolhido. 
Coisas que são distintas de mimar ou favorecimento. É puro cuidado, amor declarado em palavras de acolhimento e que são vitaminas importantes para a vida. 

Lenda ou não, tudo o que eu tento dizer é que, graças a Deus, não precisamos matar nossas árvores. Muito menos nossas crianças sementes. 
Podemos e devemos aproveitar essa energia de boas palavras para espalhar amor e fortificar todas as raízes que nos conectam, sejam nas relações de educação, ou nas relações de cooperação, afetividade, e respeito. 

Assim,  sugiro que hoje, amanhã e todas as vezes que precisar usar palavras, com as crianças, e com todo aquele a quem você ama, pense se precisa matar a árvore ou se quer colaborar para que seja forte e de bons frutos e raiz firme. 


Texto inspirado em cena do filme "Como Estrelas na Terra - Toda Criança é Especial", de nome original indianao "Taare Zameen Par" (2007), com fragmentos de outras referências da internet
Foto: Roger Cipó © Olhar de um Cipó - Todos os Direitos Reservados / All Copyrights Reserved

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